Encontrava-me eu num daqueles momentos de enfado, uma mera espectadora do cenário que se apresentava naquela manhã em Cascais, quando observo o espectáculo delicioso dos transeundes a lutar um folheto que voava para arrelia de muita gente. Por obra do destino ele abranda o percurso e assenta mesmo na minha perna, como que a pedir leitura.
O título não era este, mas foi o que imaginei: “O Sufrágio da Dona”. O panfleto rasgado, roçado e apagado fazia lembrar aquele poster de propaganda militar do J. Howard Miller “We Can Do It”.
A verdade, a ser esta, é que existe em mim a inquietude de fazer e acontecer, afinal sou filha de vontades e esta é a minha, a de contadora de histórias marcadas por uma nostalgia latente, pintadas a cores brandas como as vozes de quem me é querido. Por isso faz sentido, que quando o papel me encontrou, tivesse ou não sido obra do acaso, optei por o encarar como um palpite de algo que iria nascer.
Das minhas muitas paixões e ideias fora do lugar, todas motivadas pela minha presunção de saber viver, com a elegância e arrojo que lhes merece, não encontro um título para o que vos escrevo – categorizar estados de espírito é o mesmo que formatar uma mente a sentir sempre o mesmo. São apenas mundanices como costumo dizer, um diário numa estante por encontrar, movido pela procura do que é real, do que é meu e do que eu conheço, seja por via de uma pessoa bem falante, um bolo provocante, um pormenor bem rematado, uma conversa entre amigos ou um jantar afinado. Conto clássicos revisitados, originais ou martelados pelo tempo, na minha perspectiva única, inspirada nos cenários que crio das melhores histórias que ouvirei.
A Good Old Story in a Good Old Fashion.
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